quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tragédias como a do Haiti – e do Chile, ocorridas no inicio do ano – nos levam a questionar inúmeros aspectos da existência humana. O que justificaria um tormento de tal monta, a atingir uma população já tão sofrida? Ainda que a catástrofe tenha raízes em ações humanas cumulativas e globais, que culpa têm as crianças feitas órfãs e as mutiladas de tanto sofrimento? Confesso que gostaria de ter alguma palavra capaz de dar lógica e sentido ao drama daquele povo, e assim talvez amenizar sua dor, como parte, quem sabe, de um “propósito maior”. Mas não tenho.

Assim como no Haiti, em alguns momentos nossas vidas particulares são sacudidas por terremotos e invadidas por tsunamis. Só quem passa pela dor da perda de um ente querido, do desmoronamento de um sonho ou de uma úlcera na alma provocada pela traição, por exemplo, sabe do que falo.

Entretanto, desafio você a “desembaçar” a vista, encoberta pela poeira do desastre, para avistar alguns preciosos detalhes que ocorrem justamente embaixo dos escombros de nossa existência: os milagres. Eles estão lá, mesmo que passem ao largo de nossos incrédulos olhos ou simplesmente não os reconheçamos. Milagres são carinhos de Deus para a alma sozinha, são afagos divinos para o coração carente.

Ocorrem milagres apenas onde não há mais possibilidade de ação humana. Você já pensou nisso? Não defendo o acontecimento de hecatombes para que venhamos a aprender o que quer que seja. Também não acredito que Deus promova o sacrifício da vida de filhos seus para simplesmente ensinar uma lição. Se fosse assim, preferiria não aprender lição alguma e permanecer imune a calamidades.

Mas o fato é que, quando formos surpreendidos com o mal à nossa porta, passíveis disso que somos, devemos aprender a enxergar, junto ao caos, sinais da Graça de Deus que nos alentem e amenizem nosso sofrimento, o que, em última análise, produzirá fé e redundará em glória para Ele. Não o flagelo, mas a sensibilidade de discernir a possibilidade do Seu mover no improvável, exatamente como nos anima sua palavra:

“Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem.” (Salmos 23:4).

Edilson de Holanda

Texto extraído do blog: Cotidiano e Fé ( IBC)

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